Alirón (2019) é uma curta-metragem espanhola que explora com sensibilidade o amor, a autodescoberta e a luta interna para aceitar a própria identidade num ambiente conservador. A história acompanha Alex, um jovem que vive numa pequena cidade onde o futebol é uma parte fundamental da vida. O pai, um treinador apaixonado, espera que ele siga os seus passos, mas Alex guarda um segredo que o faz sentir-se um estranho na sua própria casa.
Ao longo de um verão escaldante, Alex vê-se cada vez mais atraído por Dani, uma colega de equipa carismática e confiante que representa a liberdade que Alex ambiciona. Através de treinos, vitórias e tardes partilhadas, a sua amizade aprofunda-se em algo ainda mais profundo. No entanto, Alex teme o significado destes sentimentos e luta para os esconder, com medo do que a sua família e amigos possam pensar.
Certa noite, após vencer um jogo importante, toda a cidade se enche de festejos. Por entre risos e música, Alex e Dani acabam por se afastar da agitação e encontram-se sozinhos. A adrenalina do momento, a proximidade entre eles e a eletricidade no ar levam-nos à beira da passagem da linha que evitaram durante tanto tempo. Dani, mais corajoso, dá o primeiro passo, obrigando Alex a enfrentar a verdade que vinha evitando.
O medo apodera-se de Alex. Embora por momentos se sinta feliz, a sua mente enche-se de dúvida e culpa. Sabe que ceder a estes sentimentos significa desafiar as expectativas do seu pai, da sua equipa e da sociedade que o rodeia. Num acesso de confusão e pânico, afasta-se de Dani, negando o que ambos sabem ser real. Dani, magoada, mas compreensiva, dá-lhe espaço, embora os seus olhos estejam cheios de desilusão e tristeza.
Com o passar dos dias, a distância entre eles torna-se mais evidente. Dani não tenta forçar nada, mas a sua ausência pesa sobre Alex como um fardo insuportável. Enquanto isso, o mundo continua a girar à sua volta, e a sua equipa continua a celebrar os seus triunfos em quadra, alheia à batalha interna que consome Alex. Vê-se dividido entre o medo de ser descoberto e a dor de ter perdido algo que poderia ter sido belo.
Com a época de futebol americano a chegar ao fim, Alex enfrenta uma última oportunidade de se reconciliar com Dani e, mais importante, consigo mesmo. Sabe que o medo não o pode dominar para sempre, mas também compreende que escolher ser honesto exige uma coragem que ainda não sabe que possui. Alirón deixa a história em aberto, permitindo ao espectador refletir sobre a luta entre o desejo de se enquadrar e a necessidade de ser autêntico. É uma história sobre amor, repressão e a esperança de que um dia todos possamos viver sem medo de sermos quem realmente somos.
